Irão rejeita proposta de Trump para negociações diretas sobre programa nuclear
Teerão fez saber este domingo que o seu programa nuclear não será negociado sem intermediários com os Estados Unidos, como propôs na passada quinta-feira o presidente norte americano.
Donald Trump anunciou que preferia "negociações diretas" porque estas "seriam mais céleres". Também ameaçou bombardear o Irão em caso de fracasso da diplomacia.
Sábado à noite, Araqchi garantira que "continuamos empenhados na diplomacia e estamos prontos para tentar negociações indiretas", algo que Trump pusera em dúvida há três dias.Responder a qualquer ameaça
Irão e EUA não mantêm relações diplomáticas desde a crise de reféns de 1980, quando diplomatas norte-americanos ficaram retidos na embaixada em Teerão, durante a Revolução Islâmica que destronou o Xá.
A comunicação oficial faz-se através de países aliados. A proposta de Trump para negociações diretas foi colocada a Teerão via Arábia Saudita e o Irão usou o sultanato de Omã para dar a conhecer oficialmente a resposta.
Isso não impediu altos responsáveis iranianos de comentar a proposta e a ameaça de Trump, assim como a resposta de Teerão.
Aos microfones da televisão do estado iraniano, o general Mohammad Bagheri referiu este domingo que "indicámos numa carta que responderíamos com todas as nossas forças a qualquer ameaça" militar.
"Mas que não somos fomentadores de guerra e não pretendemos iniciar uma guerra", acrescentou. "A carta afirmava também que procuramos a paz na região".
O Irão fornece apoio militar e financeiro a grupos armados que combatem Israel, caso do Hamas em Gaza e do Hezbollah no Líbano, e a influência rival saudita no Médio Oriente, caso dos Houthi do Iémen. Trump e Israel ameaçaram conduzir ataques diretos ao país, se o regime iraniano dos Ayatollas não abandonar essa estratégia.Um processo com vários anos
As sanções foram levantadas mas, em 2018, durante a sua primeira presidência, Trump retirou os Estados Unidos do acordo, acusando Teerão de incumprimento quanto ao enriquecimento de urânio.
Em poucos meses, o regime iraniano denunciou o acordo e retomou o enriquecimento de urânio, repetindo que o seu programa nuclear apenas visava objetivos energéticos, posição que mantém desde sempre.
O ano passado, o novo presidente do Irão, Massoud Pezeshkian, eleito com a promessa de retomar o diálogo com o Ocidente, para obter o aligeiramento das sanções e relançar a economia, permitiu esperar novos avanços.
Este sábado, Pezeshkian lamentou o tom ameaçador habitualmente preferido por Trump. "Quando se quer negociar, que sentido faz ameaçar?", questionou.
O Irão não pretende adquirir armas nucleares, mas "não terá outra escolha senão fazê-lo" no caso de um ataque ao seu território, alertou há dias Ali Larijani, conselheiro próximo do líder supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei.
com agências
Ameaças que levaram o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araqchi, a dizer que "não faria sentido" entrar em "negociações diretas com uma parte que ameaça constantemente usar a força", segundo uma nota divulgada domingo pelo seu ministério.
Num comunicado separado, publicado no site do Parlamento iraniano,
o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão frisou ainda que "nenhuma ronda de negociações ocorreu até agora".
Sábado à noite, Araqchi garantira que "continuamos empenhados na diplomacia e estamos prontos para tentar negociações indiretas", algo que Trump pusera em dúvida há três dias.Responder a qualquer ameaça
Irão e EUA não mantêm relações diplomáticas desde a crise de reféns de 1980, quando diplomatas norte-americanos ficaram retidos na embaixada em Teerão, durante a Revolução Islâmica que destronou o Xá.
A comunicação oficial faz-se através de países aliados. A proposta de Trump para negociações diretas foi colocada a Teerão via Arábia Saudita e o Irão usou o sultanato de Omã para dar a conhecer oficialmente a resposta.
Isso não impediu altos responsáveis iranianos de comentar a proposta e a ameaça de Trump, assim como a resposta de Teerão.
Aos microfones da televisão do estado iraniano, o general Mohammad Bagheri referiu este domingo que "indicámos numa carta que responderíamos com todas as nossas forças a qualquer ameaça" militar.
"Mas que não somos fomentadores de guerra e não pretendemos iniciar uma guerra", acrescentou. "A carta afirmava também que procuramos a paz na região".
O Irão fornece apoio militar e financeiro a grupos armados que combatem Israel, caso do Hamas em Gaza e do Hezbollah no Líbano, e a influência rival saudita no Médio Oriente, caso dos Houthi do Iémen. Trump e Israel ameaçaram conduzir ataques diretos ao país, se o regime iraniano dos Ayatollas não abandonar essa estratégia.Um processo com vários anos
Em 2015, num esforço para fazer regressar o Irão à comunidade internacional pelo levantamento de sanções, o presidente norte-americano Barack Obama pelos EUA, a China, a Rússia, a França, o Reino Unido e a Alemanha, assinaram um acordo que obrigava Teerão a garantias de que o seu programa nuclear, desenvolvido com apoio russo, não iria servir para desenvolver uma bomba atómica.
As sanções foram levantadas mas, em 2018, durante a sua primeira presidência, Trump retirou os Estados Unidos do acordo, acusando Teerão de incumprimento quanto ao enriquecimento de urânio.
Em poucos meses, o regime iraniano denunciou o acordo e retomou o enriquecimento de urânio, repetindo que o seu programa nuclear apenas visava objetivos energéticos, posição que mantém desde sempre.
O ano passado, o novo presidente do Irão, Massoud Pezeshkian, eleito com a promessa de retomar o diálogo com o Ocidente, para obter o aligeiramento das sanções e relançar a economia, permitiu esperar novos avanços.
Este sábado, Pezeshkian lamentou o tom ameaçador habitualmente preferido por Trump. "Quando se quer negociar, que sentido faz ameaçar?", questionou.
O Irão não pretende adquirir armas nucleares, mas "não terá outra escolha senão fazê-lo" no caso de um ataque ao seu território, alertou há dias Ali Larijani, conselheiro próximo do líder supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei.
com agências